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O mapa não é o território


Imaginemos que vamos fazer a mesma viagem, entendendo-se “a mesma viagem” como uma ida para o mesmo destino, para a mesma cidade turística, por exemplo. Todos nós levamos um mapa – que interpretámos à partida de forma diferente – da cidade, uma ideia daquilo que esperamos ver, daquilo que esperamos encontrar, daquilo que esperamos sentir. Alguns de nós, ao chegar ao destino, ficarão inteiramente surpreendidos porque “não é nada como imaginei”, para alguns será melhor, para outros ficará aquém; outros ainda haverá que se sentirão encantados porque “é exatamente como esperava”, ainda que nela (na cidade) existam inúmeras coisas que vão para lá daquilo que imaginámos. E estas são apenas algumas hipóteses do que poderá acontecer na chegada ao destino.


Neste caso, dizer que o mapa de um local não é o seu território é dizer que a ideia que temos dele não é um retrato fiel da realidade – e podemos extrapolar isto para tudo na vida!


A ideia que construímos acerca de pessoas, lugares, coisas – por mais fiel que possa parecer – pode estar totalmente desfasada da realidade. Quantas vezes não nos aconteceu julgar alguém pela aparência e descobrir que estávamos enganados em relação a essa imagem que construímos?


O que vejo fora de mim – no mundo, no outro – é um reflexo do meu mundo interior, um reflexo de mim: tudo o que encontramos naquilo que nos rodeia (e em quem nos rodeia) existe dentro de nós.


As nossas representações internas (o mapa) têm como base imagens, sons e sensações – adquiridas através de experiências, vivências, crenças, valores – que diferem para cada um de nós e que são sustentadas pelo que vimos, o que ouvimos, o que cheirámos, o que tocámos, o que sentimos ao longo da vida.


A minha história pessoal está, por isso, repleta de filtros internos que me fazem projetar a minha experiência subjetiva anterior, generalizando e “encaixando peças” para construir o meu mapa individual (diferente do de qualquer outra pessoa).



Duas pessoas que se refiram ao mesmo território (à mesma realidade), à mesma cidade – utilizando o exemplo inicial – têm mapas distintos que as farão vivenciar essa mesma realidade de formas também elas distintas, conduzindo não só a que ambas encontrem coisas desiguais na mesma cidade, como a que se comportem em relação a ela de formas diferentes, muitas vezes antagónicas.


Se colocarmos estas duas pessoas com visões antagónicas da mesma cidade à conversa uma com a outra sobre esta sua vivência, podemos partir do princípio de que elas têm duas hipóteses: ou debatem interminavelmente sobre quem tem razão (sobre quem tem a visão mais realista da cidade), ou aceitam integrar a visão do outro e ficam ambas com uma visão alargada da cidade e, consequentemente, com um mapa individual também ele alargado.


Se tivermos em consideração que aquilo a que chamamos realidade é apenas um conceito e aceitarmos que “eu sou eu e tu és tu”, predispondo-nos a ver o mundo pelos olhos do outro, sem julgar, sem querer alterar a visão do outro (que é diferente porque nasce de uma pessoa com uma experiência de vida diferente) e recebendo-a até como complementar à nossa, estamos a oferecer a nós próprios uma possibilidade de expansão da consciência que tornará o nosso mapa mais vasto e mais adaptativo, evitando (até) potenciais conflitos do dia-a-dia.


Experimenta vivenciar os próximos dias através deste pressuposto de que o mapa não é o território e contempla as alterações que isso pode trazer para a tua vida. Pergunta em vez de julgares, escuta em vez de acusares, acolhe a visão do outro, sê flexível – a rigidez é um espartilho, liberta-te dele!


 

Paula Trigo

Founder & CEO Xpand Pro | NLP Master Trainer | Coach Master Trainer | Leadership & Performance Enhancer


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