Coloquemo-nos de parte e observemos dois irmãos gémeos, que cresceram na mesma casa, que tiveram a mesma educação e a quem foram dadas as mesmas ferramentas e as mesmas oportunidades. Chamemos-lhes Paulo e João.
O Paulo adora ler – ficção e não-ficção –, adora estudar e aprender coisas novas, interessa-se muito por documentários, é sociável e comunicativo, está sempre rodeado de pessoas (embora nunca tenha casado e não tenha filhos) e todas as suas viagens têm um objetivo didático.
O João adora fazer desporto, não perde cinco minutos com um livro, a escola foi-lhe sempre desinteressante, é introvertido e tem dificuldade em expressar-se, é casado, tem dois filhos e as suas viagens são feitas em família, com o objetivo único do entretenimento.
O Paulo e o João têm objetivos de vida e aspirações diferentes, ideologias políticas diferentes, valores pessoais diferentes e formas de comunicação e de expressão totalmente diferentes.
Talvez à partida isto nos cause estranheza – como é que dois irmãos, ainda mais sendo gémeos, nascidos e criados pelos mesmos pais e tendo recebido os mesmos estímulos, se tornaram pessoas tão diferentes?
A verdade é que o Paulo e o João (como todos nós) – mesmo sendo irmãos, mesmo sendo gémeos – são únicos e singulares, vivendo e interpretando cada experiência (ainda que a mesma) à sua maneira, significando e ressignificando cada vivência de forma exclusiva, selecionando da mesma viagem metafórica memórias distintas, sabores distintos, cheiros e sensações distintas, que farão dos seus mapas uma espécie de mapa “hand made”, diferente de qualquer outro que exista – e está tudo bem, porque nenhum é mais real ou verdadeiro que o outro!
A forma como o outro constrói o seu Modelo do Mundo está inequivocamente relacionada com a forma como o perceciona através dos seus cinco sentidos, com as suas experiências de vida, com a bagagem acumulada, com os seus recursos e representações internas (que não são necessariamente reais) e com as suas crenças e intenções – se eu sou diferente do outro, o meu Modelo do Mundo é diferente do Modelo do Mundo do outro, existindo tantos quantas pessoas existem.
E eu não tenho de concordar com o Modelo do Mundo do outro, mas tenho de saber respeitá-lo (respeitando o meu próprio Modelo) – porque esta é a única forma de comunicarmos e coexistirmos em Sociedade [democrática].
Sempre que respeito o Modelo do Mundo do outro, estou a oferecer-me também uma oportunidade de complementaridade e de agregar à minha uma outra visão, que aumentará a minha bagagem e a minha história de recursos adaptativos.
Respeitar o Modelo do Mundo do outro é a nossa forma de ser livres e de evoluir, aceitando e incluindo sem julgamento a realidade do outro (porque aquilo que percebo do outro é a minha imagem) e a sua diferença, criando laços, abrindo a porta para a descoberta do eu e evitando ferir o outro e ferir a nossa própria flexibilidade, tornando-nos rígidos (não é um dos grandes objetivos da PNL aumentar-nos o leque de possibilidades e dar-nos maior flexibilidade?) – praticar este princípio é sempre honrar-me também a mim!
Coloca-te a pergunta: estarás verdadeiramente a respeitar o Mundo do outro? E o que é que isso diz sobre ti?
Paula Trigo
Founder & CEO Xpand Pro | NLP Master Trainer | Coach Master Trainer | Leadership & Performance Enhancer
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