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CONFLITOS INTERNOS - O Tico e o Teco


Já lhe aconteceu em situações diversas do seu dia-a-dia ter dúvidas sobre o que

fazer numa determinada situação? Vestir isto ou aquilo para uma reunião

importante? Levar ou não levar chapéu de chuva? Sair para jantar fora com os

amigos ou ficar em casa? Seguir este ou aquele percurso para alcançar um

determinado destino?


E para além destas questões do dia-a-dia já sentiu dúvidas sobre questões mais

profundas? Comprar uma casa ou viver numa casa arrendada? Mudar de carreira

ou continuar na atual? Terminar uma relação ou mantê-la?


Esta é uma reação comum, que surge sempre com duas ou mais hipóteses para

uma possível situação. Se isso lhe acontece, “o tico e o teco” andam à bulha dentro

de si. É como se, numa determinada situação, uma parte representasse a razão e a

outra parte representasse e emoção, o “anjo e o demónio”, ou seja, as partes

representam pontos de vista extremos, opostos ou incompatíveis sobre uma

determinada realidade. E o mais curioso é que, apesar de serem antagónicas entre

si, ambas as partes possuem argumentos válidos.


Como resultado destas situações, instalam-se sensações e emoções negativas, que

nos fazem sentir divididos entre as duas opções, dando origem a conflitos internos.

Por vezes estes tornam-se tão intensos que paralisamos com medo de agir e

aceitamos ficar como estamos, resignando-nos à nossa zona de conforto.


Essa resignação, que pode parecer uma fraqueza à primeira vista, tem, no entanto,

um propósito. É a nossa mente inconsciente a impedir-nos de fazer algo por isso

não ser ecológico para nós do ponto de vista da nossa identidade, das nossas

crenças e valores, do nosso ecossistema, pelo que é importante escutarmos, atentamente, o nosso diálogo interno para percebermos o que move e qual a

intenção de cada uma das partes.


 

O que são conflitos internos?


Para Sigmund Freud, pai da psicanálise, os conflitos internos são inerentes à

construção do sujeito e caracterizam-se pela oposição interna entre desejos e

exigências opostas. Ocorrem porque um dos lados da personalidade apresenta

certos desejos e o outro lado luta contra eles, agindo, defensivamente, para não ser

prejudicado.


A utilização de elementos antagónicos é designada de pensamento antitético e

caracteriza-se pela presença de pares de opostos como consciente/inconsciente,

prazer/desprazer, liberdade/segurança, estabilidade/mudança ou similares. O

conflito surge quando nenhuma das forças tem a capacidade de “anular” a outra e,

portanto, nenhuma predomina.


Os conflitos originados dizem respeito a comportamentos, habilidades, vontades,

crenças e valores e identidade e estão, em regra, relacionados com os resultados

profissionais e pessoais que pretendemos atingir.


De entre as consequências nefastas dos conflitos internos contam-se:


  • A falta de foco, corporizada na incapacidade de assumir uma escolha;

  • A passividade, alimentada pela falta de orientação interna. Não havendo um caminho, uma direção clara, não há estrutura interna de suporte ao atingimento dos nossos objetivos;

  • A vergonha, alimentada por uma posição de espectador em relação à vida que nos torna reféns do conflito e não agentes ativos de solução do mesmo;

  • A culpa tão patente num diálogo interno muito crítico para connosco próprios.


Para ultrapassar os nossos conflitos internos, é importante conhecermo-nos cada

vez melhor, descobrindo quem verdadeiramente somos e qual é a nossa missão no

mundo. Tomar consciência sobre onde estamos hoje e para onde nos queremos dirigir é importante para alinhar a nossa “bússola” interior com as nossas ações e

comportamentos exteriores.

 

Como ultrapassar conflitos internos?


Muitas vezes sabemos o que queremos e até sabemos como o alcançar pois temos

os recursos necessários e, no entanto, não nos movemos, não entramos em ação e

isso é sinal que estamos perante um conflito interno.


Do ponto de vista do Coaching e da Programação Neurolinguística, é importante

reenquadrar o conflito e deixar de vê-lo como um problema. Os nossos conflitos

internos são, em regra, alarmes de crescimento, oportunidades de expansão do

EU e representam uma das fontes mais importantes de desenvolvimento pessoal

ao confrontar-nos com as nossas limitações atuais. Trazem-nos a oportunidade

de refletir, de encontrar alternativas ecológicas e de ampliar o nosso enorme

potencial de desenvolvimento enquanto humanos, o qual só é colocado à prova

com situações desta natureza. Utilizando uma metáfora, é como se antes do

conflito, as águas do rio estivessem paradas. É como se o rio já tivesse chegado

onde tinha de chegar, como se não tivesse mais para onde ir. Depois da

tempestade, as águas revolvem-se, misturam-se, ganham outra força anímica e

encontram novas e mais interessantes formas de chegar ao mar.


Uma das formas mais utilizadas para solucionar conflitos internos passa por

integrar as partes em conflito, ouvindo as suas razões e argumentos, percebendo

os seus comportamentos e intenções positivas e sugerindo uma integração de

ambas a partir da adoção de novos comportamentos.


Efetivamente, a única maneira de ultrapassar conflitos internos é encontrar

pontos em comum que vão permitir estabelecer diálogo entre as partes ao nível

de valores, significados, intenções e objetivos comuns.


O pressuposto por detrás do trabalho de integração, é o de que há sempre uma

intenção positiva em cada parte. Embora estejam à “bulha”, ambas têm uma intenção positiva. Há que investigar essas intenções até encontrar um valor

comum, um objetivo comum a ambas, uma significação positiva mais elevada que

as une. A partir desse momento há disponibilidade para negociar.

 

Paula Trigo

Founder & CEO @xpandpro | NLP Master Trainer | Coach Master Trainer


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